sábado, 31 de março de 2012

Iludir-se



Então, eis que você se entrega
nas noites de ilusões,
toma um porre de cerveja,
e tenta esquecer a merda que você é.

E a vida joga isso na sua cara,
há os que não ligam, fazem da vida piada,
há os que reclamam o tempo inteiro,
cada um com sua válvula de escape.

Mas de nada vale isso,
pois toda ida tem uma volta,
e quando eu me vejo na cama sozinho de ressaca
eu me deprimo e não consigo levantar.

Eu choro, eu grito, eu escrevo, converso
leio, fumo, bebo.
E nada disso me afasta dessa minha
crise existencial, meu inferno astral.

E ninguém pode me ajudar,
pois eu mesmo me enfiei na merda,
estou nela e não consigo sair,
me jogar quero ver tudo acabar.

O fim está próximo,
eu simplesmente quero que o mundo morra,
chamas pra todos os lados,
arde o fogo do fim.


segunda-feira, 26 de março de 2012

Felicidade, cade?

                                                                                 


Quando chega o fim? Aonde é o fim ?
Como assim? Eu só queria um abraço,
um abraço forte. Talvez eu queria muito,
e as pessoas tem pouco à me oferecer,
ou até mesmo elas tem muito, mas só
oferecem um pouco. Talvez eu não entenda
ninguém, e queira que todos me entendam.
Sinto saudade dos meus amigos, essa hora
poderia estar na casa do Molchê, ligando pra nada,
só conversando, questionando idéias, 
compartilhando as mágoas que abrigam
nossos corações dilacerados. Mas parece
que não, e pra variar, eu queria muito
alguém do meu lado, me sinto muito só,
com a corda no pescoço, pensando em se jogar, 
frio sem vida, olhe para mim,
eu não consigo falar o que penso pra você,
sinto o receio assombrar minha alma,
o medo de perder aquilo que não tem,
jamais foi entendido por mim, sou contraditório,
sou uma tempestade, você vê minha beleza,
mas não sente nem o cheiro da minha agonia,
besteira eu sei,  mas um dia você ainda vai me ouvir, 
e talvez eu não esteja mais aqui. Covarde, eu sei.

domingo, 18 de março de 2012

Hope died here.



A cada dia vivo, parece que será o último,
e no dia seguinte as vezes me invade a sensação
de que seria melhor se fosse mesmo. Experiências
vazias, decepções, impulsos magnéticos negativos,
solidão, depressão, eu tenho tanto a lhe dizer,
que não sei nem por onde começar, o que me incomoda,
o que já me incomodou, o que me faz sorrir ou o que me faz
chorar, quero saber como foi sua semana também, saber
só um pouquinho a mais do seu dia-a-dia, de como está
seu astral. Me sinto tão estranho, sensações a todo momento
mudam meu ser, me enche a tristeza em instantes a alegria,
estou surtando à mutação, meu humor abalado, entorpecido,
anestesiado, me falta algo que não sei, sempre buscando
um pouco daqui e dali, das coisas que deixei pra fazer amanhã,
que não consigo concluir, sempre pendentes por aí, me torturando
e aumentando minha agonia, não se repara o vazio que me deixou,
vejo o ódio todo dias nos olhos dessa gente, eu não aguento
quero ter alguém me esperando chegar em casa cansado do trabalho
para poder me abraçar, alguém para conversar, mas é tudo
tão complicado e difícil, quanto mais envelheço, mas me canso
das coisas, mais cético fico, em nada acredito, desconfio
de tudo e de todos, já não me decepciono mais, não me surpreendo e esse
meu coração está coberto de cascas e cicatrizes, dos cortes
que sofri durante minha caminhada terrestre, traga-me uma
taça de vinho, me de um trago desse baseado, e deixe
eu esquecer todo esse vazio que me cerca, traga-me também
minha alma de volta, minha felicidade, pois eu aprimorei e 
adaptei minha paz interior, venha comigo por favor, você está
aí Sophia? Eu me trasnformei em núcleos de vazio do espaço depois
que me joguei de cima daquela mesa, junto do que mantinha meu pescoço preso 
na corda fixa e apaguei. Você pode me ouvir Sophia? Pode me ouvir, eu estou aqui! 

sexta-feira, 9 de março de 2012

Imundice


Vai vida, voa, escorre, desprezível, degradação,
lamentação, medo do efêmero, efêmero medo,
sorrisos passageiros, pessoas que passam por nós,
era melhor nem tê-las conhecido talvez, ou até bom assim,
qual a verdadeira razão de estarmos aqui? 
Adorar ao criador ? E depois ? Morrer e adora-lo, de novo ?
Sofrer, sofrer e sofrer, sentir dores, tristezas, normal,
essa é a nossa vida, sentir na carne, toda essa
imundice, de forma que podemos modelar nosso
própio DNA inconscientemente, e não somos capazes
de fazer uma mudança em nossas vidas mesquinhas,
egoísmo? Pode ser que sim, e por fim, se juntar ao 
todo, e se dividir ao nada. Pensar nisso dói demais,
alguns preferem acreditar na hipótese do paraíso,
mas o paraíso é aqui dentro, difícil de entender,
difícil de se aceitar. Ó deus dos miseráveis,
devolvei o dinheiro dessa pobre gente, devolvei
a dignidade, devolvei o carácter, a vontade
de raciocinar por si, questionar. Criador criado
pelos gananciosos homens de um motivo
grosseiro para controlar outros homens de cabeça fraca.
Pegos na fraqueza, pegos pela emoção de acreditar,
de se sentir amado, e importante para alguém, que
mora no céu e tira cochilos nas nuvens. Cocaína,
maconha, Valium, solvente, ácidos, sequela,
escapes da mente, tabaco, álcool alívios químicos, dor, 
bendito seja o sagrado filho da puta do seu deus. 
Sinto meus membros serem arrancados, a alma arder,
a cada olhar dirigido à mim, sinto o ódio de todos eles,
sinto seu sangue ferver em raiva, ironia mas ali ainda sopra
um batimento cardíaco. Eu sou doente, eu sei, mas não precisa
me dizer, e fazer minha depressão transbordar, de sorrisos
em sorrisos eu escondo minha fraqueza, minha dor, 
quando sinto o ódio do seu amor.



domingo, 4 de março de 2012

Poesia Presa


Escravizado pelos dias;
Escravizado pelo hora;
Escravizado pela pressa;
E por toda essa demora.

Escravizado pelo dinheiro;
Escravizado pela ignorância;
Escravizado pela realidade;
Repletos de intolerância.

Escravizado pelo ego;
Escravizado pela religião;
Escravizado pela mídia;
Irmão escravizando irmão.

Escravizado por saúde;
Escravizado por alimento;
Escravizado pela busca;
Presos ao tormento.

Me sufocam à tristeza;
Preso na sensibilidade;
No tradicionalismo,
Escravizado pela bondade.

Inércia, dinheiro, mundo;
Arranha-céus, pelo poder;
Pelo ser, o inteligível;
Escravizado por seu olhar.

Sendo pelo amor, sofrimento;
Sonhos, você, eu e a esperança;
A mentira, verdade, sobriedade;
Escravizado pela insanidade.

Nisso tem a sanidade e os regimes;
Presos à políticas e idealismos;
De pensar tanto na moça bonita;
E covarde por ser tão indeciso.



O mais engraçado de tudo é que minhas palavras não dizem nada, são sem sentido, significado ou razão, assim como minha vida, todos e tudo ao nosso redor. O inferno me espera, enquanto Deus está ocupado arrecadando dinheiro dos miseráveis.